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As misteriosas capas da colecção «Grandes Mistérios, Grandes Aventuras»

As misteriosas capas da colecção «Grandes Mistérios, Grandes Aventuras»
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Otítulo deste post parece uma chalaça mas não é. De facto, muitos fãs dos livros policiais interrogam-se ainda hoje sobre quem fez as atractivas capas da colecção que a Romano Torres dedicou a este subgénero. Também nós andamos a investigar…

Mas não eram só as capas que não eram assinadas, também os nomes que aí surgem eram em grande medida pseudónimos de autores portugueses disfarçados por nomes anglosaxónicos… E isto tudo porque oficialmente não havia criminalidade em Portugal… E a censura funcionava. Como bem refere Feitor (2010), esta colecção começou nos anos de 1940, “numa altura em que, oficialmente, não existia criminalidade em Portugal. Por isso todos os volumes eram assinados por nomes estrangeiros (embora na realidade a maioria fosse escrita por um casal português, Gentil Marques e Maria Amália Marques) e os enredos tinham lugar em locais distantes. As capas, impressas em offset em tons de azul, são de uma enorme pujança gráfica. Infelizmente, nenhuma está assinada”.

A grande maioria dos c. de 150 títulos da colecção rival da Vampiro terão sido desenhados por um único autor, embora mais um, dois ou mais artistas tenham provavelmente feito as outras capas. Dos primeiros aos últimos números podemos apreciar aspectos comuns ou recorrentes, desde a combinação de azuis escuros e branco (pontualmente complementados pelo vermelho do sangue ou do fogo – indício de crime), o recurso às sombras, silhuetas ou escuridão, a sugestão duma ameaça ou acto criminoso consumado…

Atestando o culto ainda existente, recentemente foi publicada um grafzine de tributo à colecção, intitulado O Morto foi ao Baile. Há um site que fala desta revista e apresenta algumas das capas que são reinterpretadas por artistas gráficos convidados pelo editor (vd. http://014mortofoiaobaile.blogspot.pt/ ).

Esta colecção ora se intitulava «Grandes Mistérios, Grandes Aventuras» ora apenas «Grandes Mistérios». Foi iniciada em 1943 por Os cinco suspeitos de Park House, onde Gentil Marques se disfarçou dum suposto James Strong. Publicou várias obras de John Creasey (incluindo pseudónimos), um autor inglês que vendeu milhões até aos anos 1970.

Em 1962 totalizava 125 títulos, ao preço de 10$ cada.

Bibiografia de apoio
FEITOR, José (2010), “Alteração ao plano de edições para 2010”, Imprensa Canalha, 8/IV.

MELO, Daniel (2013), “Para uma história da edição no Portugal contemporâneo: estudo de caso das Edições Romano Torres”, in Maria Fernanda Rollo (coord.), Atas I Congresso de História Contemporânea, s. l., IHC/CEIS20/Rede História, Maio, p. 555-65, ISBN 978-989-98388-0-2.

MOURA, Pedro (2012), “Breves notas sobre bravos fanzines”, Ler BD, 16/VII.

PESSOA, Luís (2011 [2006]), “Literatura policial”, Crime Público, 6/X. Nb: v.o. em n.º de 2006 do Jornal de Letras.

Daniel Melo (c) 2013

4 Comments

  1. José Santos Alves 10 anos ago

    Muito bom. Gostei
    És um artista.

    • Obrigado pelo comentário, Zé.
      Quem é o verdadeiro artista é o anónimo desconhecido que fez estas capas. Ou os anónimos. Dão-se alvísseras a quem nos der uma pista.
      Continuação de boas leituras, Daniel Melo.

  2. Ernesto Jana 8 anos ago

    Boa tarde. O que lhe vou dizer já sabe. A colecção Grandes mistérios, grandes aventuras muda de grafismo no nº 80 e passa a ter aquela cor amarela pois até então ostentava aquelas capas lindas e azuis. Que eu saiba foram publicados 151 números. Li não sei onde que o escritor Gentil marques e a esposa seriam responsáveis por cerca de 80 títulos embora sempre sob pseudónimos de origem inglesa pois acreditava-se que um escritor de policiais só era bom se fosse estrangeiro e de preferência inglês. Muito obrigado. Ernesto Jana

  3. Caro Ernesto Jana:
    obrigado pelo seu comentário, que traz informação oportuna, e peço desculpa pelo atraso na resposta.
    Quanto ao total de títulos desta colecção, ficar-lhe-ia grato se nos pudesse dar a referência donde retirou esse dado. O mesmo sobre a parte respeitante ao Gentil Marques e à Maria Amália Marques (que assinou como Mariália em vários livros para a Romano Torres).
    Sobre o uso de pseudónimos anglo-saxónicos nos policiais, seria decerto por serem mais apelativos para o público mas aproveito para aditar outra hipótese: também foi um modo de os autores portugueses tentarem passar despercebidos junto da censura oficial, potencialmente menos vigilante se o livro fosse de suposto autor estrangeiro, supostamente já editado noutro país.
    Saudações cordiais, Daniel Melo.

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