Amaral, Antero do, também Autor
Antero do Amaral
(? – ?)
Embora não contemos com informação mais detalhada sobre este autor, terá nascido na primeira metade do século XX.
Foi um colaborador relevante da Romano Torres na área da literatura infantil, pois não só escreveu várias histórias da colecção «Manecas» como ilustrou as de outros autores.
Estreou-se em 1945 com As diabruras do Manecas, em que piscou o olho à própria génese da colecção estreada nos anos 20 com edição literária de Henrique Marques Júnior, justamente intitulada «Manecas». Nesta obra, Manecas é um rapaz que não consegue evitar as diabruras. O arquivo histórico da Romano Torres dispõe das ilustrações originais desta obra, algumas das quais aqui reproduzimos (poderá também consultar a página do arquivo histórico).
Em 1946, prosseguiu a sua colaboração na colecção «Manecas» com A lenda do cisne vermelho, ilustrada por José Félix, que contou com três reedições (1950, 1955 e 1969).
Como desenhador, Antero do Amaral colaborou na obra O príncipe mudo (1955), de Arlete de Oliveira Guimarães.
A última obra de sua autoria foi o conto infantil Os três peixinhos aventureiros (1955), cujas ilustrações também constam no arquivo histórico.
Afonso Reis Cabral
6-5-2014
Bibliografia activa
As diabruras do Manecas, 1945, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 37106//3 P. (BNP)
A lenda do cisne vermelho, 1946 (reed. 1950, 1955 e 1969), des. José Félix, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 37758//4 P. (BNP)
O príncipe mudo: novela, 1955, Arlete de Oliveira Guimarães, des. Antero do Amaral, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 43858//6 P. (BNP) e 869-A 4408 (C.M. Oeiras – Bibl. Municipal de Algés)
Os três peixinhos aventureiros: conto infantil, 1955, il. de Amorim, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 39791//1 P. e L. 43858//1 P. (BNP); 869-A 4403 (C. M. Oeiras – Bibl. Municipal de Algés)
Amorim, Júlio de, 1909-1988
Júlio de Amorim
(Lisboa, 1909 – ?, ca. 1988)
Dispomos de escassa informação sobre este colaborador da Romano Torres, embora tenha sido um dos ilustradores de maior nomeada.
Os seus primeiros trabalhos surgiram na Stadium, em 1932, ano do lançamento desta revista desportiva. Profusamente ilustrada com fotografias, a Stadium contava também com retratos dos jogadores, assim como apostava no arranjo gráfico, que se destacou, à época, no que diz respeito aos periódicos desportivos.
Como gravador, trabalhou na revista de banda desenhada Tic-Tac, publicada entre 1930 e 1937.
Dedicou-se pois desde muito cedo às artes gráficas, decerto por influência do seu pai, desenhador que fundara a Litografia Amorim. Foi nesta litografia que Júlio de Amorim fez carreira, dirigindo-a durante várias décadas em parceria com o seu irmão Lauro. A Litografia Amorim fornecia artes gráficas às editoras com as quais trabalhava, nomeadamente: concepção gráfica, ilustrações, gravuras, etc., acabamento e também a própria impressão.
Segundo testemunho de Eugénio Silva [1], que aí começou a trabalhar em 1954, a essa época a Romano Torres trabalhava exclusivamente com a Litografia Amorim, embora esta trabalhasse para outras editoras como a Livraria Civilização.
Para além de gerir a empresa, Júlio de Amorim também participava activamente como capista, sendo autor de várias capas de sucesso nas colecções «Manecas» e «Salgari». Foi talvez o ilustrador de maior importância na Romano Torres, quer pelo estilo que incutiu (o blogue O gato alfarrabista [2] caracteriza-o como «heráldico mas singularmente atractivo»), quer simplesmente pelo número de livros com ilustrações de sua autoria. Entre muitos outros, destacam-se: O anão amarelo, de Leyguarda Ferreira (1944, colecção «Manecas»), Alice no país das maravilhas, de Henrique Marques Júnior (1946, colecção «Manecas») e A fada vingativa, de Leyguarda Ferreira (1956, colecção «Manecas»).
Embora a Porbase não disponha de qualquer registo, terá também feito a capa de alguns volumes das colecções «Salgari» e «Grandes mistérios, grandes aventuras» [3].
Afonso Reis Cabral
16-01-2014
Bibliografia activa (selecção de algumas obras)
O anão amarelo: novela infantil, 1944, Leyguarda Ferreira, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 36332//4 P. e P. 15196 P. (BNP)
Alice no país das maravilhas, 1946, Henrique Marques Júnior, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 37758//5 P. e P. 17111 P. (BNP)
A fada vingativa: novela infantil, [D.L. 1956], Leyguarda Ferreira, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: P. 6058//6 P. (BNP) e 87-A 4417 (C.M. Oeiras – Bibl. de Algés)
Bibliografia passiva
Pinheiro, Francisco, 2005, «Imprensa desportiva portuguesa: do nascimento à consolidação (1893-1945)», Ler História, n.º 49 (última consulta 16-01-2014), p. 186.
«Júlio de Amorim», verbete no blogue O gato alfarrabista (última consulta 16-01-2014).
Sá, Leonardo de, e António Dias de Deus, 1999, Dicionário dos autores de banda desenhada e cartoon em Portugal, Amadora, p. 17.
Antunes, José, 1937-2010
José Gomes Antunes
(Lisboa, 1937 – Lisboa, 2010)
Tal como outros ilustradores da Romano Torres, José Antunes frequentou a Escola Secundária Artística António Arroio, tendo pertencido ao mesmo ano de Eugénio Silva [1]. Rodrigues Alves e Abel Manta foram seus professores.
Em 1954 Rodrigues Alves ajudou-o a começar a carreira, indicando o seu nome para colaborador da Agência Portuguesa de Revistas (APR). Aí debutou como designer gráfico, só mais tarde se revelando como desenhador. Entre outras, ilustrou as capas do Almanaque Plateia e do primeiro número de Amorzinho, em 1956. Também foi autor de diversas cadernetas de cromos publicadas pela APR.
Estreou-se em 1955 na banda desenhada com as pranchas finais dos números 300 e 301 de «Os planos do submarino atómico», história publicada no Mundo de Aventuras. Desde essa data colaborou com vários periódicos, destacando-se a tal ponto que em 1968 foi convidado pelo Journal Tintin, da Bélgica, a ilustrar a história «Maître Biber».
Trabalhou como designer gráfico nos periódicos Diário de Lisboa, Cara Alegre, O Cágado, Parada da Paródia, Antena, Plateia e Pisca-Pisca, entre outros.
Publicou várias histórias de banda desenhada, a última das quais, «Lenda da Moura Salúquia», está inserida na obra colectiva Salúquia. A Lenda de Moura em Banda Desenhada (Câmara Municipal de Moura, 2009).
A biografia que dele fizeram no Blogue do BDjornal destaca o seu papel como capista para dezenas de editoras, nomeadamente: «Verbo, Bertrand, Ática, Romano Torres, Didática, Ulisseia, Pórtico, Sel, Publica, Zenite, Temas da Actualidade, Temas e Debates, Estampa, Círculo de Leitores e Texto Editores.»
Foi autor das capas de 11 obras da Romano Torres entre 1979 e 1982, já a editora entrava na sua fase final. Frente a frente (1979), obra de François Ceyrac inserida na nova e breve colecção «A economia em marcha», foi a sua primeira capa. Seguiram-se os três volumes da reedição de O conde de Monte Cristo (1980), e alguns títulos da colecção «Azul», entre os quais Ama-se uma vez na vida (1980), de Léo Dartey, e A mulher que jurou não ser minha (1982), de Léo Dartey.
A comunidade portuguesa de banda desenhada via-o como um dos cartoonistas mais relevantes do país, tendo-lhe prestado diversas homenagens, a última no 14.º Salão Moura BD, em 2004.
Afonso Reis Cabral
12-5-2014
Bibliografia activa (selecção de algumas obras)
Frente a frente, economias de mercado e planificadas, 1979, François Ceyrac, trad. José C. da Silva Gil, colecção «A economia em marcha», Lisboa: Romano Torres.
Localização: S.C. 47073 V. (BNP), T6-3-53[1] (Bibl. Pub. Mun. Porto), E-053 CEY-GIL (Univ. Católica Port. – Bibl. João Paulo II), BGUM1 330.17 (Univ. Minho Serv. Documentação)
O conde de Monte Cristo, 1980, Alexandre Dumas, trad. A. Teixeira, colecção «De capa e espada», Lisboa: Romano Torres, 3 v.
Localização: L. 78019 P., L. 78020 P. e L. 78021 P. (BNP); 82-3 DUM (C.M. Tondela – Biblioteca Tomás Ribeiro)
Misteriosa desconhecida, 1980, Max du Veuzit, 3.ª ed., Lisboa: Romano Torres, sem acesso ao original e sem mas informação disponível (cf. espólio Romano Torres, in CHC, cota PT/AHJRT/JRT/E/04/002)
Ama-se uma vez na vida: romance, 1980, Léo Dartey, versão do orig. francês de Aurora Rodrigues, colecção «Azul», [3.ª ed.], Lisboa: Romano Torres, sem acesso ao original e sem mas informação disponível (cf. espólio Romano Torres, in CHC, cota PT/AHJRT/JRT/E/04/002)
A mulher que jurou não ser minha: romance, 1982, João Amaral Júnior, colecção «Azul», 5ª ed., Lisboa: Romano Torres, algumas informações recolhidas no Espólio Romano Torres (cf. espólio Romano Torres, in CHC, pasta PT/AHJRT/E/04/002).
Localização: L. 77386 P. (BNP)
Bibliografia passiva
Obituário, Público de 29-03-2010 (última consulta 12-05-2014).
In memoriam, blogue O Blogue do BDjornal (última consulta 12-05-2014).
José Antunes 1937/2010, blogue Divulgando Banda Desenhada (última consulta 12-05-2014).
José Antunes, sítio João Manuel Mimoso (última consulta 12-05-2014).
Brandão, Augusto Pascoal Corrêa, 1872-1909
Augusto Pascoal Corrêa Brandão
(1872-1909)
Pintor, aguarelista, ceramista e ilustrador português, foi discípulo da Escola de Belas-Artes de Lisboa. Integra o grupo de artistas da linhagem “fim de século” que assumidamente seguia os passos dos artistas portugueses da “segunda geração de naturalistas” (França, 1978).
Enquanto pintor, dominava tanto a técnica da pintura a óleo como a de aguarela. Concorre pela secção de óleo sobre tela à Exposição do Grémio Artístico, entre 1893 e os anos seguintes, sendo honrado com o Prémio Anunciação em 1892. Compete na secção de aguarela, na 2.ª Exposição da Sociedade Nacional de Belas-Artes, em 1902. Expôs regularmente no Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes entre 1901 e 1909, sendo que, tal como muitos artistas da sua geração, partiu para o Brasil, em 1908, na tentativa de criar alternativas artísticas ao ambiente conturbado pré-republicano. Participou, assim, na Exposição Portuguesa do Rio de Janeiro de 1908, figurando na secção de aguarela do catálogo. Ainda no início da sua carreira, dedicou-se ao trabalho de cerâmica, pintando sobre esmalte vitrificado, sendo já referido pelas suas qualidades, em 1907, em obra de José Queirós, dedicada à cerâmica portuguesa.
Participou activamente no período sociopolítico conturbado anterior à instauração da República, não tendo, contudo, desfrutado os frutos do seu processo. Morreu em 1909.
Enquanto ilustrador, trabalhou individualmente e em parceria com desenhadores e gravadores da sua geração, tais como E. Fernandes, Enrique Casanova*, P. Marinho*, Miguel Oliveira* e Conceição Silva*. E reconhecem-se as colaborações com o escritor Artur Lobo d´Avila*, na ilustração de romances históricos.
Pelo que nos é dado a constatar, a sua actividade não ficou vinculada a nenhuma editora em particular, sendo, no entanto, frequente a sua presença na ilustração de títulos de Artur Lobo d´Ávila*. Figurando nas edições portuguesas de entre a década de 1890 e o início do século XX, das casas impressoras que editavam romances históricos, o virtuosismo dos seus desenhos de académico encaixava perfeitamente no contexto deste género literário.
Os exemplares existentes no catálogo da Romano Torres indiciam a sua presença no circuito, com A descoberta e conquista da India pelos Portuguezes: romance histórico e Os caramurús: romance histórico da descoberta e independencia do Brazil, nos quais o artista assina enquanto “A. Brandão”. No primeiro, fará parceria com Enrique Casanova* e com o próprio autor do texto. Neste último partilha a ilustração da capa e do miolo com Miguel Oliveira* e Conceição Silva*. Em ambos os casos, a tarefa da litografia é deixada ao cargo de J. P. Marinho*, presença assídua nos títulos desta casa, durante as últimas décadas do século XIX.
Maria D’Aires © 2014
Bibliografia Activa Seleccionada
Retrato de homem: [Visual], Pintura a óleo sobre tela. 80 x 60 cm, 1895. Museu Nacional de Arte Contemporânea.
[A descoberta de India: ou O reinado de D. Manuel, drama historico em 5 actos: capa [visual gráfico] In Avila, Arthur Lobo de; A. Brandão il. (1898), A descoberta de India: ou O reinado de D. Manuel, drama historico em 5 actos, Lisboa, Imprensa Nacional. Impressão sobre papel, p&b, 19 cm.
[A descoberta e conquista da India pelos Portuguezes: romance histórico: capa [visual gráfico] In Ávila, Arthur Lobo de; A. Brandão; E. Casanova il.; Marinho, P. grav. (1898), A descoberta e conquista da India pelos Portuguezes : romance histórico, Lisboa, João Romano Torres e C.ª. Impressão sobre papel, p&b, 19 cm.
[Os caramurús: romance histórico da descoberta e independencia do Brazil: capa [visual gráfico] In Ávila, Arthur Lobo de; A. Brandão, il.; Oliveira, Miguel, il.; Silva, Conceição, il.; Marinho, P. grav. (1900), Os caramurús : romance histórico da descoberta e independencia do Brazil, Lisboa, João Romano Torres e C.ª. Impressão sobre papel, p&b, 19 cm.
Bibliografia Passiva Seleccionada
Queirós, José, org.; Garcia, José Manuel; Pinto, Orlando da Rocha (not. Icon.) (2002), Cerâmica portuguesa e outros estudos, 4ª ed., Lisboa, Presença.
A.A.V.V. (1908), Exposição Nacional do Rio de Janeiro: anno de 1908: secção Portuguêsa de Bellas Artes, Lisboa, Typ. “a Editora”.
França, José-Augusto (1972), A Arte em Portugal no século XIX: volume II, Lisboa, Bertrand, p. 226-252.
Pamplona, H. (2001), Diccionário de pintores e escultores portugueses, 4ª ed., actualizada. Civ. Editora, Vol. 2, p. 243.
Tannock, Michael (1978), Portuguese 20th century artists: a biographical dictionary, Chichester, Phillimore Ed., p. 29.
Carneiro, Celso Hermínio de Freitas, 1871-1904
Celso Hermínio de Freitas Carneiro
(Lisboa, 1871 – Lisboa, 1904)
Celso Hermínio foi um dos importantes caricaturistas do fim do século XIX. Filho do general Gaudêncio Eduardo Carneiro, que também era escritor e dramaturgo, Celso Hermínio herdou do pai a apetência para as artes. Ainda criança compôs a folha satírica A Mosca, apenas de cariz familiar.
Instigado pelo pai, seguiu de início a vida militar tornando-se sargento cadete, patente com que frequentou o curso preparatório da Escola Politécnica. No entanto, rebelou-se contra o destino que o pai lhe traçara. Depois do curso preparatório da Escola Politécnica passou a dedicar-se exclusivamente às artes plásticas, e à caricatura em especial.
Fundou e ilustrou na íntegra o periódico O Berro (1896), que contava com colaboração de José Pires Marinho [1]. Foi também director artístico da revista Brasil Portugal (1899-1914). Colaborou em vários periódicos satíricos da época: A Comédia Portuguesa (1888), Parodia (1900), Branco e Negro: semanario ilustrado (1896-1898), O micróbio (1894-1895) e A sátira (1911).
Foi considerado um dos mais importantes caricaturistas portugueses do fim do século XIX.
Embora a título póstumo, pois morreu subitamente em 1904 de pneumonia dupla, Celso Hermínio colaborou com a Romano Torres na obra O espírito e a graça de Fialho (1957), de Luís de Oliveira Guimarães [2], já que a caricatura da capa é de sua autoria. Isto demonstra que mesmo em 1957, décadas depois da sua morte, as caricaturas de Celso Hermínio continuavam em voga.
Afonso Reis Cabral
15-5-2014
* Manuel Gustavo caricaturou Celso Hermínio (cf. Osvaldo Macedo de Sousa, vd. bibliografia, p. 52)
Bibliografia activa
O espírito e a graça de Fialho, 1957, Luís de Oliveira Guimarães, Lisboa: Romano Torres.
Localização: H.G. 29885 P.; RES. 3815 P. (BNP)
Bibliografia passiva
Artigo de Osvaldo Macedo de Sousa no blogue Humorgrafe (última consulta 15-05-2014)
Meira, Alberto, 1929, Apontamentos para o perfil do artista, Porto: Marânus.
[1] Vd. resenha dedicada a este colaborador.
[2] Vd. resenha dedicada a este autor.
Casanova, Enrique, 1850-1913
(Lisboa, 1850 – Madrid, 1913)
Pintor aguarelista espanhol, refugia-se em Portugal por questões políticas. Chega a Lisboa em 1880.
Durante a sua estada, o eclectismo da sua obra estendeu-se da pintura à cerâmica, da escultura à ilustração gráfica, das artes decorativas à fotografia, passando mesmo pelo ensino de Belas Artes. Mas se foi a sua obra em aguarela que lhe trouxe notoriedade – a partir do momento em que foi recomendado por Juan Valera, embaixador de Espanha, a D. Luís de Portugal, tendo alcançado o posto de mestre da casa real -, é o seu percurso na ilustração portuguesa que aqui nos interessa particularmente.
Assim que chegou a Portugal obteve imediatamente trabalho na Litografia Portugal, onde se destacou dos restantes colaboradores. Por ocasião das comemorações do tricentenário da morte de Camões, Enrique Casanova trabalhou na revista O Occidente, executando ilustrações de excelente traço. A partir desse momento, enceta um período de colaborações artísticas em publicações periódicas de relevo, como são exemplo O António Maria (1879-1885 e 1891-1898), Branco e Negro: semanario ilustrado (1896-1898) e o Jornal Para Todos (1889). Participação essa que manteve durante algum tempo, até voltar para Espanha, em 1911.
Enquanto litógrafo, são de sua autoria as capas do catálogo da 2ª Exposição do Grupo do Leão, de 1882 e do primeiro e único número da revista Lisboa – Porto, de 1888. Desenhou igualmente, os quadros do “Compêndio de História de Portugal”, incluídos na revista Arte Portugueza, da qual foi director artístico, e as ilustrações para o “Álbum Comemorativo do Centenário de Santo António”, editado pelo Diário de Notícias, ambos em 1895.
Como ilustrador, estabeleceu diversas parcerias com artistas portugueses, juntando-se a António Ramalho, na ilustração do 1º volume de Arte e artistas contemporâneos, de 1896; ao arquitecto Raúl Lino, nas ilustrações para o livro O Paço de Sintra, de 1903; e a D. Carlos de Bragança, no Catálogo Ilustrado das Aves de Portugal, nos anos 1903 e 1907.
Ilustrou igualmente romances, como são exemplo a capa de A última corrida de touros em Salvaterra, de Rebelo da Silva, de 1888, a capa de Os Filhos de D. João I, de Oliveira Martins, de 1891 e a capa e o miolo de A descoberta e conquista da India pelos Portuguezes: romance histórico, de 1898, sendo que neste último fará parceria com A. Brandão* J.P. Marinho* e o próprio autor da obra, Artur Lobo d´Avila. Titulo publicado pela editora João Romano Torres e C.ª e presente no catálogo em linha.
Proclamada a República, Casanova retirou-se para Madrid em 1911, mantendo, no entanto, ligações estreitas com Portugal. Morre em 1913, em Madrid.
Maria D’Aires © 2014
Bibliografia Activa Seleccionada
O António Maria, Pinheiro, Rafael Bordalo, dir., (1846-1905). Colaborador artístico entre 1880 e 1899.
Branco e Negro: semanario ilustrado, Pereira, António Maria, dir., (1856-1898). Colaborador artístico entre 1896 e 1898.
[A descoberta e conquista da India pelos Portuguezes: romance histórico: capa [visual gráfico] In Ávila, Arthur Lobo de; A. Brandão; E. Casanova il.; Marinho, P. grav.(1898), A descoberta e conquista da India pelos Portuguezes: romance histórico, Lisboa, João Romano Torres e C.ª. Impressão sobre papel, p&b, 19 cm.
[Gutenberg]: [Visual gráfico], [S.l.: s.n.], 1885. 1 gravura: litografia, color., 44×24 cm. Biblioteca Nacional de Portugal.
[Foz do Douro]:[ Visual gráfico], [Lisboa: s.n., ca. 1890], 1 gravura: litografia, color., 20×29 cm. Biblioteca Nacional de Portugal.
[Porto]: [Visual gráfico]: [Torre dos Clérigos], [Lisboa: s.n., ca. 1890], 1 gravura: litografia, color., 29×20 cm. Biblioteca Nacional de Portugal.
Bibliografia Passiva Seleccionada
Carneiro, Paula Dias, dir. (1999), A Imprensa Ilustrada. In Carneiro, Paula Dias, dir, As Belas-Artes do Romantismo em Portugal, Lisboa, IPM, p. 80-105.
França, José-Augusto (1972), A Arte em Portugal no século XIX: volume II, Lisboa, Bertrand.
França, José-Augusto, Revistas de Arte, in Chicó, M. Tavares; Santos, A. Vieira, França, José-Augusto. Dir. (1962), Dicionário da Pintura Universal, Pintura Portuguesa, Lisboa, Editorial Estudios, Vol. III.
Pamplona, H. (2001), Diccionário de pintores e escultores portugueses, 4º ed., actualizada. Civ. Editora, Vol. 2, p. 68-71.
Pinheiro, Rafael Bordalo; Bordallo Pinheiro, Manuel Gustavo; Sousa Pinto, Manoel de, Lisboa (1915), Rafael Bordallo Pinheiro: I – o caricaturista, Lisboa, Imprensa Nacional.
Tannock, Michael (1978), Portuguese 20th century artists: a biographical dictionary, Chichester, Phillimore Ed., p. 42.
Vaz, João, Enrique Casanova: nota biográfica [Em linha], [S.l.: IPM, s.d.], [consultado a 8/07/2014]
Legenda e fonte da imagem
Retrato de Enrique Casanova (à direita) no Nilo, durante a viagem ao Mediterrâneo com D. Amélia e os Príncipes, entre Fevereiro e Maio de 1903 a bordo do iate “Amélia”. A fotografia é da autoria do Príncipe Luís Filipe, conforme assinalado pela rainha no álbum (cit. texto de Vaz, s.d., vd. supra).
Fonte: Palácio Nacional da Ajuda.
Coelho, Túlio, 1936-
Túlio Marcos Pires Coelho
(Amadora, 1936)
Tal como outros colaboradores da Romano Torres na área da ilustração [1], estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio. Saído da António Arroio, empregou-se na Litografia Amorim, onde trabalhou apenas dez meses. Aí, esboçou algumas ilustrações, principalmente para a colecção «Salgari» e obras de cariz policial, esboços esses que eram depois terminados por Júlio de Amorim [2].
Publicou vários desenhos nos periódicos Modas & Bordados (1955), Picapau (1955) e Cara Alegre, mas foi no jornal humorístico Parada da Paródia que teve colaboração mais intensa com as fitas «Jack Taxas e Cara Linda», «Teatro Trágico» e «A Tareca».
Prosseguiu também o trabalho de ilustrador, que já praticara na Litografia Amorim, colaborando com a Liber.
Dedicou-se à publicidade desde aproximadamente 1970 até meados dos anos 90, primeiro na AG Morrison e depois na Team.
Desde os anos 90, tem-se dedicado em exclusivo à pintura. Está hoje representado em galerias como o Clube Nacional das Artes Plásticas.
Afonso Reis Cabral
31-01-2014
Bibliografia activa
Infelizmente, as obras nas quais Túlio Coelho colaborou não foram creditadas, pelo que hoje em dia não temos possibilidade de elencá-las.
Bibliografia passiva
Sá, Leonardo de, e António Dias de Deus, 1999, Dicionário dos autores de banda desenhada e cartoon em Portugal, Amadora, p. 43.
Correia, José Borges, 1915-1993
José Borges Correia
(Lisboa, 1915 – Belém do Pará, 1993)
Filho de Aníbal Borges da Silva Correia e Maria das Dores Coutinho Correia, José Borges Correia, mais conhecido por Zeco, foi desenhador e caricaturista.
Em 1933, com 18 anos, Zeco e dois amigos penduraram as suas obras nas paredes da sucursal de O Século, no Rossio, o que foi visto como um gesto ousado mas bem-sucedido, visto que as caricaturas de Zeco, entre as quais havia uma de Salazar, acolheram elogios junto do público. Certo é que no ano seguinte O Século patrocinava nova exposição de Zeco, desta feita oficial.
Em 1937, entrou para o Grupo de Humoristas Portugueses pela mão do escritor Albino Forjaz de Sampaio.
Curiosamente, em 1942 fez um retrato de Guerra Junqueiro para ilustrar uma palestra de Luís de Oliveira Guimarães, destacado autor da Romano Torres com várias obras, entre as quais O espírito e a graça de Guerra Junqueiro (apenas dispomos do registo da edição de 1968, embora pensemos que a primeira edição seja de 1957). Resta saber se o retrato foi utilizado para a capa da primeira edição, já que a segunda conta apenas com uma fotografia. De qualquer forma, terá sido pela mão de Luís de Oliveira Guimarães que colaborou com a Romano Torres. Disponibilizamos no arquivo histórico um conjunto de imagens com a sua assinatura, mas ao qual não conseguimos atribuir a obra, ou obras, onde foi inserido.
Em Portugal, desenhou para vários periódicos, nomeadamente A Voz, O Século, Diário de Notícias e Vida Mundial Ilustrada, entre outros.
Em 1951 mudou-se para o Brasil a convite da Editora Globo, sediada em Porto Alegre. Aí trabalhou 7 anos, ilustrando obras relevantes como a primeira edição de Gente e bichos, de Erico Veríssimo (1956 [1]).
Depois de sair da Editora Globo, mudou-se para Belém, onde iniciou uma importante carreira no ramo da publicidade, tendo fundado a agência Borges Publicidade. Vários profissionais importantes do ramo trabalharam nessa agência, e Borges Correia é ainda hoje reconhecido no Brasil como um precursor.
Mais para o fim da vida, afastou-se da caricatura, enveredando pela pintura a gouache e acrílico.
O blogue Zeco, o desenhador sem alarde disponibiliza muita informação sobre este ilustrador. Vale a pena consultar.
Afonso Reis Cabral
6-5-2014
Bibliografia passiva
Zeco, o desenhador sem alarde, blogue dedicado à memória e obra de José Borges Correia (última consulta 7-5-2014).
Catálogo n.º 58 da leiloeira «Babel livros», Novembro e Dezembro de 2012, Rio de Janeiro, p. 53 (última consulta 7-5-2014).
[1] Cf. Catálogo da leiloeira «Babel livros», p. 53 (vd. bibliografia).
Domingues, António Pimentel, 1921-2004
António Pimentel Domingues
(Lisboa, 1921 – Lisboa, 2004)
Ilustrador e pintor, era filho do escritor Mário Domingues [1], que teve larga carreira na Romano Torres.
Estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio, onde mais tarde ingressou como professor.
Com Mário Cesariny, Cruzeiro Seixas, Leonel Rodrigues, Moniz Pereira e Alexandre O’Neill, entre outros, foi um dos fundadores do movimento surrealista português, tendo frequentado o célebre café Hermínios.
Alistou-se no Partido Comunista Português em 1946. Para além de ter levado a cabo diversas exposições individuais em Portugal, teve também obra exposta nas então União Soviética e República Democrática Alemã.
A sua colaboração na Romano Torres cinge-se a cinco obras por si ilustradas. Na sua maioria, tratam-se naturalmente de obras de Mário Domingues (O drama e a glória do padre António Vieira, edições de 1952 e 1962; D. João III, o homem e a sua época, 1962), mas também ilustrou duas obras de Arlete de Oliveira Guimarães inseridas na colecção «Manecas» (Os três anões da floresta, 1956, e A princesa vaidosa, 1956).
Afonso Reis Cabral
27-01-2014
Bibliografia activa
O drama e a glória do padre António Vieira, 1952, Mário Domingues, Lisboa: Romano Torres.
Localização: H.G. 28364 P. (BNP)
Os três anões da floresta, 1956, Arlete de Oliveira Guimarães, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: P. 6058//5 P. (BNP) e 87-A 4396 (C.M. Oeiras – Bibl. Municipal de Algés)
A princesa vaidosa, 1956, Arlete de Oliveira Guimarães, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: P. 6027//3 P. (BNP) e 87-A 4413 (CMOPA)
O drama e a glória do padre António Vieira, Mário Domingues, 1961, Lisboa: Romano Torres.
Localização: H.G. 31852 P. (BNP)
D. João III o homem e a sua época: evocação histórica, 1962, Mário Domingues, Visão dos Tempos, Série Lusíada, 12, Lisboa: Romano Torres.
Localização: 929 JOA (C. M. Tondela – Biblioteca Tomás Ribeiro)
Bibliografia passiva
Público, 13-08-2004, artigo «Morreu o pintor António Domingues» (última consulta 27-1-2014).
António Domingues. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-01-27].
Dourado, Cipriano, 1921-1981
Cipriano Dourado
(Penhasco, 1921 – Lisboa, 1981)
Litógrafo e desenhador, notabilizou-se sobretudo como pioneiro da gravura em Portugal.
Aos 14 anos, enquanto frequentava a Escola Industrial Marquês de Pombal, já trabalhava como desenhador-litógrafo.
A sua primeira exposição data de 1939, ano em que frequentava o curso nocturno da Sociedade Nacional de Belas-Artes de Lisboa. Em 1947 foi-lhe atribuído o 2.º Prémio Roque Gameiro na categoria de aguarela.
Em 1950 estagiou na Academia Grande Chaumière em Paris.
Em 1953 viaja com artistas e escritores portugueses como Alves Redol, Júlio Pomar, Rogério Ribeiro, Alice Jorge e António Alfredo para o Ribatejo, dando início àquele movimento que ficou conhecido como o Ciclo do Arroz. Este movimento distinguiu-se pela forte adesão ao neo-realismo, sendo a participação de Cipriano Dourado essencial.
Foi membro fundador da Cooperativa Gravura (1956), leccionou na Escola Secundária Artística António Arroio e trabalhou na Litografia Amorim (pelo menos desde 1954 até 1957), onde aplicou a sua técnica de gravura.
Ilustrou diversos livros, principalmente de escritores neo-realistas, e colaborou em revistas como Vértice, Seara Nova, Colóquio-Letras e Cassiopeia. Está representado em museus portugueses, em particular no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, que disponibiliza online as 16 obras que detém.
Segundo Eugénio Silva, embora este não se lembre em que obras, Cipriano Dourado terá colaborado com gravuras para a Romano Torres através da Litografia Amorim.
Afonso Reis Cabral
20-5-2014
Bibliografia passiva
«Dourado, Cipriano» Verbete, verbete in Verbo, enciclopédia luso-brasileira de cultura, vol. V, Lisboa: Verbo, 1963.
«Cipriano Dourado», verbete no sítio Museu do Neo-realismo (última consulta 20-05-2014)
Fonseca, H., fl. 188-
Fonseca, H.
fl. 188-
Até à data, pouco se encontrou acerca de H. Fonseca, artista que trabalhou em parceria com José Severini* e Pires Marinho*, na ilustração de capas e miolo de romances da editora João Romano Torres e C.ª, durante os finais do século XIX e o início do século XX. Neste caso particular, referimo-nos a três romances de Enrique Perez Escrich, escritor espanhol muito popular na época e com publicações em diversas editoras: A mãe dos desamparados, O manuscrito materno e As obras de misericórdia (vd. catálogo da Romano Torres).
Pelas características das gravuras existentes, ficou imediatamente excluída a sua atribuição a artistas como António Tomás da Fonseca e seu pai, António Manuel da Fonseca, ambos academistas, exímios na tradição do desenho e do retrato. Qualquer um deles não poderia estar associado a ilustrações que embora partilhando a mesma assinatura no apelido (Fonseca), são tão díspares no estilo como no género.
A dificuldade em encontrar quaisquer referências a este artista sugere a hipótese de pseudónimo, conjectura que merece futuras investigações.
Maria D’Aires © 2014
Bibliografia Activa Seleccionada
[A mãe dos desamparados [Visual gráfico]: capa], In Escrich, Perez; Fonseca, H. il.; Severini, Enrique, il.; Marinho, P. il. grav. ([188-]), A mãe dos desamparados, Lisboa, João Romano Torres & C.ª. Gravura sobre papel, p&b, 19 x 10 cm. 1º, 2º vol.
[O manuscrito materno [Visual gráfico]: miolo], In Escrich, Perez; Fonseca, H. il.; Severini, Enrique, il.; Marinho, P. il. grav. ([188-]), O manuscrito materno, Lisboa, João Romano Torres & C.ª. Gravura sobre papel, p&b, 19 x 10 cm. 3º vol., p. 88-89, 268-269; 6º vol., p.36-37.
[As obras de misericórdia [Visual gráfico]: miolo], In Escrich, Perez; Fonseca, H. il.; Severini, Enrique, il.; Marinho, P. il. Grav. ([188-]), As obras de misericórdia, Lisboa, João Romano Torres & C.ª. Gravura sobre papel, p&b, 19 x 10 cm. 2º vol., p. 156-157; 3º vol., p.182-183.
Bibliografia Passiva Seleccionada
Carneiro, Paula Dias, dir. (1999), A Imprensa Ilustrada. In Carneiro, Paula Dias, dir., As Belas-Artes do Romantismo em Portugal, Lisboa, IPM.
França, José-Augusto (1972), A Arte em Portugal no século XIX: volume II, Lisboa, Bertrand.
França, José-Augusto, Revistas de Arte, in Chicó, M. Tavares; Santos, A. Vieira, França, José-Augusto. Dir. (1962), Dicionário da Pintura Universal, Pintura Portuguesa, Lisboa, Editorial Estúdios, vol. III.
Félix, José, 1908-1962
José Félix
(Amadora, 1908 – 1962)
Existem informações fragmentárias sobre dois autores com este nome. Após pesquisa, inclinamos a assumir que aquele que colaborou com a Romano Torres foi o aguarelista (e também ilustrador) nascido na Amadora em 1908.
Foi muitas vezes descrito como o «aguarelista de Évora» devido ao especial apreço por essa cidade, foi na juventude discípulo de Roque Gameiro. Integrou diversos júris de admissão e classificação de trabalhos artísticos. Expôs em várias galerias e está representado no Museu de Arte Contemporânea. As suas aguarelas retrataram especialmente o Alentejo e em particular a cidade de Évora. Morreu em Lisboa em 1962.
Este autor colaborou exclusivamente nos livros da colecção «Manecas» durante o período que dista entre 1946 e 1957. De destacar que muitas das obras foram reeditadas nos anos 60.
Para uma apreciação do seu trabalho, pode-se visitar a página do arquivo histórico dedicada a este ilustrador.
Quanto ao outro José Félix, que segundo os registos da Porbase nasceu em 1923, não dispomos de mais informação, a não ser que teria como segundo nome Manuel e que também teria sido ilustrador.
Afonso Reis Cabral
20-5-2014
Revisto por Daniel Melo, tendo como base pesquisa de Maria D’Aires
Bibliografia activa (selecção de algumas obras)
O Babu valente, 1946, Arlete Lopes Navarro, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 37759//6 P. e P. 16356 P. (BNP)
O gato de botas, 1946, Leyguarda Ferreira, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 37758//3 P. e P. 14858 P. (BNP)
O gigante dos cabelos de ouro: novela infantil, 1957, Leyguarda Ferreira, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 40019//6 P. (BNP)
A lenda do cisne vermelho, 1946 (reemp. 1955 e 1969), Antero do Amaral, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 37758//4 P. (BNP)
Bibliografia passiva
«Félix, José», verbete in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 7, Rio de Janeiro: Enciclopédia, 1983.
Ferreira, Paulo, 1911-1999
Paulo Ferreira
(?, 1911 – Estoril, 1999)
Paulo Ferreira, também conhecido por Paolo, foi ilustrador, pintor e decorador, tendo-se celebrizado como um dos mais importantes adeptos do estilo promovido pelo Secretariado de Propaganda Nacional / Secretariado Nacional de Informação (SPN/SNI).
Começou a sua carreira colaborando para os jornais ABC [1] e Civilização, a partir de 1929. Antes de 1948, data em que se mudou para Paris, desenvolveu actividade como figurinista e cenógrafo para a companhia Verde Gaio, e foi autor de diversos painéis para o Museu de Arte Popular.
Fixada a residência em Paris, tornou-se chefe dos serviços artísticos das Casas de Portugal em Paris, Londres e Nova Iorque (entre 1954 e 1974). Neste âmbito, comissariou várias exposições, nomeadamente a primeira retrospectiva moderna de Amadeo de Souza-Cardoso, em 1958, com obras pertencentes à viúva do pintor, Lúcia de Souza-Cardoso, também funcionária da Casa de Portugal em Paris.
Ilustrou a obra História extraordinária de Iratan e Iracêma: os meninos mais malcriados do mundo (1939), de Olavo d’Eça Leal [2]. Esta obra valeu a Olavo d’Eça Leal o Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho, inserido no Concurso de Prémios do SPN/SNI. Na Romano Torres, a Porbase apenas tem registo da segunda edição fac-similada (1983), já a editora se encontrava perto do fim, embora a primeira edição (1939) também seja da Romano Torres.
Afonso Reis Cabral
26-12-2013
Bibliografia activa
História extraordinária de Iratan e Iracêma, os meninos mais malcriados do mundo, 1983, il. Paulo Ferreira, 2.ª ed fac-similada, Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 33059 V. (BNP); 02/1119 SA (Bibl. Pub. Regional da Madeira)
Bibliografia passiva
Pamplona, Fernando de, 2000, Dicionário de pintores e escultores portugueses ou que trabalharam em Portugal, vol. II, Lisboa: Civilização Editora, p. 298.
Obituário, Expresso, 30-12-1999 (última consulta 26-12-2013).
Silva, Susana Maria Sousa Lopes, 2011, A ilustração portuguesa para a infância no século XX e movimentos artísticos: influências mútuas, convergências estéticas, Braga, UM, tese de doutoramento em Estudos da Criança (última consulta 26-12-2013), p. 96.
Gameiro, Roque, 1864-1935
Alfredo Roque Gameiro
(Porto de Mós, 1864 – Lisboa, 1935)
Roque Gameiro, conhecido pintor, foi também um importante aguarelista e ilustrador.
Pretendeu seguir a carreira naval, mas, não o tendo conseguido fazer, empregou-se como aprendiz numa empresa litográfica, onde cedo demonstrou os seus dotes. Publicou com outros autores de renome da sua época – Rafael Bordalo Pinheiro, Columbano e Manuel de Macedo – uma série de litografias intituladas Tipos populares portugueses.
Em 1893, frequentou como bolseiro do Estado a Escola de Artes e Ofícios de Leipzig, no intuito de aperfeiçoar a sua técnica litográfica.
É tido como o discípulo mais importante do aguarelista Enrique Casanova, embora à época a técnica de aguarela não fosse especialmente apreciada em Portugal. Aperfeiçoou esta arte a tal ponto que chegou a ser considerado como o primeiro aguarelista português. Os seus temas alargavam-se das paisagens às cenas da vida lisboeta, passando pelas suas célebres marinhas. Reuniu reproduções das suas aguarelas mais importantes no álbum Lisboa Velha, acompanhadas por textos de Afonso Lopes Vieira.
Notabilizou-se também como retratista e ilustrador. Foi nesta última categoria que colaborou com a então chama Empreza Editora e Typographica «O Recreio», empresa de João Romano Torres que depois se transformou na editora Romano Torres.
Em colaboração com Alfredo de Morais [1], Roque Gameiro foi responsável pelas ilustrações de pelo menos duas obras de Rocha Martins editadas sob a chancela da Recreio: Bocage (s.d.) e Gomes Freire (s.d.). Sozinho, ilustrou pelo menos a obra, também de Rocha Martins, Maria da Fonte (s.d). Estes livros foram publicados com certeza nos finais do século XIX em fascículos, e eram publicitados como «edição de luxo, acompanhada de photo-gravuras dos principaes personagens, e com primorosas ilustrações» [2].
Para além de se ter notabilizado como pintor, Roque Gameiro deixou também cinco filhos que se dedicaram sem excepção às artes.
Afonso Reis Cabral
28-01-2014
Bibliografia activa (selecção de algumas obras)
Maria da Fonte: romance historico, 1903, 2 vols., Lisboa: J. Romano Torres.
Localização: L. 3588 A. e L. 3588 A. (BNP)
Bocage: romance original, [19–], 2 vols., Lisboa: João Romano Torres.
Localização: L. 41020-21 V. e H.G. 8623-24 V. (BNP)
Gomes Freire: romance historico original, [19–], 2 vols., Lisboa: João Romano Torres.
Localização: L. 3681 A., L. 3682 A., L. 3683 A. (BNP) e L. 3684 A. (BNP)
Bibliografia passiva
Abreu, Maria Lucília, 2005, Roque Gameiro 1864-1935: o homem e a obra, Lisboa, ACD Editores.
Pamplona, Fernando de, 2000, Dicionário de pintores e escultores portugueses ou que trabalharam em Portugal, vol. IV, Lisboa: Civilização Editora.
Ilustração Portugueza, 7/VI/1909, «Em casa de Roque Gameiro» (última consulta a 28-01-2014)
Hermínio, Celso
Vd. Carneiro, Celso Hermínio de Freitas
Leal, Tomaz d’Eça, 1955-
Tomaz d’Eça Leal
(Lisboa, 1955 – )
Formado em arquitectura, cedo denotou a sua veia artística, tendo começado a trabalhar como ilustrador para o Jornal de Notícias aos 11 anos. Filho do escritor e realizador Olavo d’Eça Leal [1] (1908-1976) e irmão do também escritor e realizador Paulo Guilherme d’Eça Leal (1932-2010), o ambiente familiar terá certamente proporcionado maior apetência às artes.
Por sua iniciativa, aos 14 anos contactou várias editoras, entre as quais a Livros do Brasil, a Verbo Júnior e a Romano Torres, para oferecer a sua colaboração como ilustrador. Esta última, que já editara a obra de seu pai História extraordinária de Iratan e Iracêma: os meninos mais malcriados do mundo (1939), aceitou o desafio. A 7.ª edição de A cabana do pai Tomás saiu em 1971 com capa de Tomaz d’Eça Leal.
Mais tarde afastou-se do desenho para privilegiar a arquitectura, ramo no qual é formado e se tem dedicado desde os 19 anos. Actualmente detém uma empresa de arquitectura proprietária do bem-sucedido The Independente Hostel & Suites, que Tomaz d’Eça Leal gere com os filhos.
Afonso Reis Cabral
8-5-2014
Bibliografia activa
A cabana do pai Tomás, 1971, Harriet Beecher Stowe, trad. Leyguarda Ferreira, 7.ª ed., colecção «Obras escolhidas de autores escolhidos», n.º 11, Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 65865 P. (BNP)
[1] Cf. verbete dedicado a este autor.
Leite, José, 1872-1939
José Leite
(?, 1872 – ?, 1939)
António de Lemos caracterizou-o como um «retratista agradável» [1], destacando-se o seu próprio auto-retrato, que hoje se encontra no Museu Nacional Soares dos Reis.
Confesso discípulo de Carlos Reis, José Leite participou na 1.ª Exposição da Sociedade Nacional de Belas-Artes, em 1901. Mais tarde, ganhou a medalha de prata na Exposição Portuguesa no Rio de Janeiro.
Foi pai da escritora Berta Leite [2], dedicada principalmente à literatura infantil com títulos como A lenda da praia do Guincho (1921), O maior feito (1922), Sacadura Cabral, senhor maior culto (1924), O livro da menina (1948), etc.
José Leite ilustrou quase todas as obras da sua filha e foi aliás por isso mesmo que colaborou com a Romano Torres, já que a filha aí publicou, em 1926, A lenda dos náufragos, texto incluído na colecção «Manecas».
Fernando de Pamplona refere que José Leite, aquando da sua morte, deixou extenso espólio enquanto ilustrador [3].
Afonso Reis Cabral
23-12-2013
Bibliografia activa
A lenda dos naufragos: contos, 1926, Berta Leite, il. de José Leite, colecção «Manecas», Lisboa: João Romano Torres.
Localização: L. 21341//5 P. e L. 29108//5 P. (BNP)
Bibliografia passiva
Pamplona, Fernando de, 2000, Dicionário de pintores e escultores portugueses ou que trabalharam em Portugal, vol. III, Lisboa: Civilização Editora, p. 198.
Marinho, José Pires, fl.1894-1916
José Pires Marinho
(fl.1894–1916)
Poderá ter sido filho de Hermenegildo Pires Marinho, que em meados do século XIX era proprietário de uma tipografia homónima.
Utilizando a técnica da fotogravura, José Pires Marinho esteve na vanguarda da reprodução gráfica de finais do século XIX, tendo colaborado em diversas publicações, entre as quais se destacam o número 524 da revista Occidente, onde reproduziu uma fotografia do quadro «Hero e Leandro», de Adolfo Rodrigues (p. 156). Colaborou também no curioso periódico O Berro, integralmente ilustrado por Hermínio Carneiro (1871-1904), um dos ilustradores da Romano Torres, mesmo que a título póstumo na obra O espírito e a graça de Fialho (1957), de Luís de Oliveira Guimarães [1]. Foi também colaborador de Roque Gameiro [2], outros dos ilustradores da Romano Torres.
Directamente para a editora são de sua autoria as estampas «Vasco da Gama apresenta a D. Manuel as primicias da India» (ca. 1900) e «A nympha Thetis recebe Vasco da Gama na ilha dos amores» (ca. 1900), brindes das obras A pecadora e O manuscrito materno, respectivamente [3].
Afonso Reis Cabral
14-5-2014
Bibliografia activa
«Vasco da Gama apresenta a D. Manuel as primicias da India» [Visual gráfico]: Entraram pela foz do Tejo ameno… [ca. 1900], Lusíadas, canto X, est. 144, phto. grav., Lisboa: João Romano Torres, 1 imagem: reprod. fotomecânica, p&b (impr. sobre fundo beige) 27,7×22,8 cm (dim. da comp. sem letra). Brinde aos assinantes do romance A pecadora
Localização: E. 274 A. (BNP)
«A nympha Thetis recebe Vasco da Gama na ilha dos amores» [Visual gráfico]: Desta arte em fim conformes já as formosas… Lusíadas, canto IX, est. 84, phto. grav., Lisboa: João Romano Torres, 1 imagem: p&b 38×30,5 cm (dim. da comp. sem letra). Brinde aos assinantes do romance O manuscrito materno.
Localização: E. 272 A. (BNP)
Morais, Alfredo de, 1872-1971
Alfredo Januário de Morais
(Lisboa, 1872 – Lisboa, 1971)
Alfredo de Morais foi um dos mais prolíficos aguarelistas e ilustradores da sua época. Considerado discípulo de Alfredo Keil, as suas aguarelas caracterizavam-se pela clareza na ilustração colorida de cenas rústicas.
Participou em diversas exposições e prémios ao longo da sua vida de quase um século, tendo ganho, em 1946, o primeiro Prémio Roque Gameiro na categoria de aguarela, promovido pelo Secretariado Nacional de Informação.
Foi professor na Sociedade Nacional de Belas-Artes e trabalhou na Imprensa Nacional.
Colaborou como ilustrador numa edição monumental de Os Lusíadas (1893-1898), assim como em inúmeros livros, jornais e revistas, como Diário da Manhã, Folha do Povo, Diário de Notícias, O Mundo e O Século.
Trabalhou para a Romano Torres como ilustrador das colecções «Manecas» e «Gigante», tendo colaborado principalmente na primeira. Entre outras, destacam-se algumas obras de Leyguarda Ferreira por si ilustradas (capa e miolo), como O príncipe morcego e outros contos (1934), As noivas do gigante e outros contos (1935), etc.
Afonso Reis Cabral
23-12-2013
Bibliografia activa (selecção de algumas obras)
O marechal Saldanha: romance histórico, 1909, César da Silva, Lisboa: João Romano Torres & Ca.
Localização: L. 15022 V. e L. 15022 V. (BNP)
As chaves do paraíso, [1926], Reinaldo Ferreira, Lisboa: João Romano Torres.
Localização: L. 28690 P. (BNP)
O drama de uma noite: romance de amor e de mistério, 1931, Jorge Merovell, Lisboa: João Romano Torres.
Localização: L. 23456 P. e TR. 151 P. (BNP)
O príncipe morcego e outros contos, 1934, Leyguarda Ferreira, colecção «Manecas», dir. Henrique Marques Júnior, Lisboa: João Romano Torres.
Localização: L. 26887//3 P. (BNP)
As noivas do gigante e outros contos, 1935, Leyguarda Ferreira, colecção «Manecas», dir. Henrique Marques Júnior, Lisboa: João Romano Torres.
Localização: L. 26887//7 P. (BNP)
As princesas e os sapatos de ferro: novela infantil, 1948, Leyguarda Ferreira, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 43244//5 P., P. 14691 P., 901 2280 (BNP)
Bibliografia passiva
Pamplona, Fernando de, 2000, Dicionário de pintores e escultores portugueses ou que trabalharam em Portugal, vol. IV, Lisboa: Civilização Editora, p. 162.
Sá, Leonardo de, e António Dias de Deus, 1999, Dicionário dos autores de banda desenhada e cartoon em Portugal, Amadora, p. 17.
Silva, Jorge, artigo «Riquezas de Portugal», in Almanak Silva (última consulta 23-12-2013).
Negreiros, Almada, 1893-1970
Almada Negreiros é provavelmente um dos artistas portugueses mais comentados, analisados e criticados do seu tempo, o que torna qualquer recurso biográfico que se pretenda elaborar, repetitivo e desgastante, perante toda a bibliografia passiva existente.
De entre a sua vasta personalidade e dos seus diversos âmbitos de expressão, interessa-nos particularmente a sua faceta de ilustrador, atividade pela qual iniciou a sua carreira de artista, sobretudo como desenhador humorista.
Nasceu José Sobral de Almada Negreiros, em São Tomé em 1893 e chega a Lisboa em 1900 para ficar interno no Colégio Jesuíta de Campolide onde permanece até 1910.
Em 1911 inicia a sua produção de ilustração para impressa portuguesa, participando, já em 1912 e 1913, nos I e II Salões dos Humoristas Portugueses, grupo com o qual partilha a intenção de romper com os processos estéticos coetâneos.
Do ponto de vista estilístico, os seus primeiros trabalhos ainda podem ser considerados convencionais [1], mas o seu tom acutilante é já bem evidente, especialmente na sua caricatura do quotidiano. Deste período, os seus melhores exemplos, referem-se aos trabalhos para jornais como A Luta, A Sátira, A Rajada, A Manhã e a Bomba. Assina ainda como “Almada Negreiros” [2].
Já nesta altura se deslocava livremente entre o meio artístico e literário de vanguarda. Será essa facilidade de expressão, característica do decorrente movimento Modernista, que o fará disseminar os seus meios de manifestação artística. A pintura surge a partir de 1913, expondo logo individualmente no ano seguinte, na Escola Internacional de Lisboa e em 1914 publica os seus primeiros poemas.
O ano 1915 será decisivo para a definição do seu “carácter”: a sua colaboração no primeiro número da revista literária Orpheu (O Manifesto Anti-Dantas e por extenso) e seu trabalho de ilustrador do número espécimen da revista Contemporânea, serão basilares na sua afirmação estética e no movimento que representam.
Em 1917 publica a novela O Quadrado Azul. Em 1919 parte par Paris para regressar a Lisboa no ano seguinte. Entre conferências, pintura, publicação de poesia, teatro, trabalhos de cenografia e representação, mantém a sua atividade de ilustrador, colaborando com o Diário de Lisboa e a revista Contemporânea. Em 1926 inicia a sua colaboração na revista Presença. Em 1927 parte para Madrid onde participa ativamente na tertúlia intelectual da cidade, vindo a expor e a publicar em várias ocasiões [3].
Regressa a Lisboa em 1932. Em 1934 casa com a artista Sara Afonso. As suas tendências monárquicas e o seu apoio ao sistema integralista de Salazar geram alguma polémica. Um artista do regime? Esse facto não o impedirá de manter ao longo dos trinta anos seguintes uma atitude opinativa, desenvolvida em paralelo com uma exuberante atividade criativa: executa pinturas, publica desenhos, ilustrações, poesias, ensaios e romances, realiza conferências e palestras, colabora com frescos e vitrais e murais em diversos edifícios, etc.
Não obstante as controvérsias, a sua obra foi copiosa e profícua e o seu trabalho de ilustração nunca foi deixado para trás. A atividade da escrita tornou-se quase indissociável da sua arte enquanto ilustrador [4]. Sempre inconformista, o seu génio autodidata, virá a ser amplamente reconhecido por todos os quadrantes políticos e sociais.
Morre em Lisboa, em 1970.
A ilustração da obra O Fantasma Branco [5] de Reinaldo Ferreira, integrada no Arquivo Histórico João Romano Torres, é um interessante exemplo do início da carreira do Almada ilustrador (sobre o tema vd. o post A descoberta duma nova ilustração de Almada). Na conceção do desenho ainda é patente a influência de alguns ilustradores contemporâneos (como é o caso de Alfredo de Morais). Assinando no canto inferior direito, o artista ainda se reconhece como “Almada Negreiros”. A assinatura é verificável em desenhos de entre os anos de 1911 e 1913.
O seu interesse sobressai nas circunstâncias que rodeiam a sua presumível publicação tardia. Na sua utilização em capa do dito título, a assinatura de Almada Negreiros foi retirada. Quer tenha sido por política editorial ou por vontade do artista, a dúvida sobre o motivo permanece.
Salienta-se que, até à data, não foram encontradas quaisquer referências de colaboração da parte de Almada Negreiros com a casa Romano Torres. Será um bom pretexto para posteriores investigações.
Não podemos esquecer o facto de Reinaldo Ferreira ser contemporâneo de Almada Negreiros, seu companheiro de tertúlia e de pensamentos, chegando mesmo a publicar comentários sobre a sua obra [6]. Terá sido uma oferta do artista ao autor? O título em causa pertence a uma novela escrita em três volumes: 1. Punhais Misteriosos; 2. O Fantasma Branco; 3. As Chaves do Paraíso, editada pela Romano Torres na coleção “Leituras Modernas”. Os exemplares existentes, consultados na BNP não referem data de publicação, sendo esta inferida de informações exteriores: todos os exemplares estão assinados e datados pelo autor da obra: “E.F 25 de Fevereiro de 26” [7].
A informação acerca das bibliografias passiva e ativa, diz respeito apenas ao seu trabalho enquanto ilustrador. Dado o volume de ocorrências, apenas indicamos o catálogo para consulta da compilação bibliográfica.
Maria D’Aires © 2014
Bibliografia passiva
Portugal. Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro; RÊGO, Manuela (1993), Almada, o escritor, o ilustrador. Lisboa: IBNL.
Bibliografia ativa
Portugal. Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro; RÊGO, Manuela (1993), Almada, o escritor, o ilustrador. Lisboa: IBNL.
[1] VIEIRA, Joaquim (2006), Almada Negreiros fotobiografias século XX, Lisboa, Bertrand Editora, p. 20.
[2] VIEIRA, Joaquim (2006), Almada Negreiros fotobiografias século XX, Lisboa, Bertrand Editora, p. 20.
[3] VIEIRA, Joaquim (2006), Almada Negreiros fotobiografias século XX, Lisboa, Bertrand Editora, p. 57-107.
[4] Portugal. Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro; RÊGO, Manuela (1993), Almada, o escritor, o ilustrador. Lisboa: IBNL, p. 36-41. Cf. ainda VIEIRA, Joaquim (2006), Almada Negreiros fotobiografias século XX, Lisboa, Bertrand Editora, p. 19 e 35; e Fundação Calouste Gulbenkian. Centro Cultural Português; Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna (1993),– Almada: dessins. [Paris]: C. C. C. G., p .[21] e [25].
[6] FERREIRA, Reinaldo (1925), Daqui a vinte anos: a última obra de José de Almada Negreiros, ABC. Lisboa. 5 (237), p. 10.
[7] BNP, PORBASE Cotas: L. 29263 P.; L. 33105 P.; L. 28690 P.
Oliveira, Miguel F. do Espirito Santo de, 1869-1943
Miguel F. “do” Espirito Santo de Oliveira
(Porto, 1869 – 1943)
Pintor a pastel e ilustrador português do final do século XIX, nasceu e estudou no Porto. Muito cedo na sua carreira recebe o Prémio Anunciação, no seu caso em 1892, mas será apenas após a instauração da República que volta a encontrar o seu rasto no circuito expositivo português. Começa por participar em exposições em Ponta Delgada (1915 e 1916). Volta ao Porto, em 1917, para expor em mostras colectivas. Após inúmeras participações na Sociedade Nacional de Belas Arte e no Salão do Estoril, o seu nome torna-se uma referência para os pintores a pastel da “segunda geração dos naturalistas” (França, 1978). Em 1935, integra a Grande Exposição de Artistas Portugueses, no Porto. Vem a falecer em 1943. A sua obra pictórica encontra-se presente no Museu Soares dos Reis, no Porto, surgindo frequentemente no circuito de leilões nacionais.
A referência à sua actividade enquanto ilustrador é assinalada pelo trabalho desenvolvido em parceria com Augusto Pascoal Corrêa Brandão* e António Tomás da Conceição Silva*, na ilustração da obra Os caramurús: romance histórico da descoberta e independência do Brazil, publicada pela editora João Romano Torres em 1900 e presente no catálogo da Romano Torres. Embora a parceria tivesse resultado num êxito de edição, não foram assinalados até à data outras colaborações da parte do artista.
Maria D’Aires © 2014
Bibliografia Activa Seleccionada
Caminho para o moinho [Visual], Óleo sobre madeira, 48 x 70 cm. Assinado e datado de 1935, In Palácio Correio Velho: leilão n.º 333, 11/03/2009. Palácio Correio Velho (2009), Catálogo do leilão N.º 333, [Lisboa, s.n.].
[Os caramurús: romance histórico da descoberta e independencia do Brazil: capa [visual gráfico] In Ávila, Arthur Lobo de; A. Brandão, il.; Oliveira, Miguel, il.; Silva, Conceição, il. (1900), Os caramurús: romance histórico da descoberta e independencia do Brazil, Lisboa, João Romano Torres e C.ª. Impressão sobre papel, p&b, 19 cm.
Bibliografia Passiva Seleccionada
Carneiro, Paula Dias, dir. (1999), A Imprensa Ilustrada. In Carneiro, Paula Dias, dir., As Belas-Artes do Romantismo em Portugal, Lisboa, IPM.
França, José-Augusto, Revistas de Arte, in Chicó, M. Tavares; Santos, A. Vieira, França, José-Augusto. Dir. (1962), Dicionário da Pintura Universal, Pintura Portuguesa, Lisboa, Editorial Estúdios, vol. III.
França, José-Augusto (1972), A Arte em Portugal no século XIX: volume II, Lisboa, Bertrand, p. 226-252.
Tannock, Michael (1978), Portuguese 20th century artists: a biographical dictionary, Chichester, Phillimore Ed., p. 120.
Ribeiro, Carlos Filipe Correia da Silva, 1894-1973
Carlos Filipe Correia da Silva Ribeiro
(Lisboa, 1894 – Lisboa, 1973)
Carlos Ribeiro destacou-se como editor do periódico infantil O Senhor Doutor, onde publicaram textos Arlete de Oliveira Guimarães e Leyguarda Ferreira [1], destacadas colaboradoras da Romano Torres. Foi tio do cineasta António Lopes Ribeiro, que, segundo Leonardo de Sá [2], também esteve ligado à fundação deste jornal.
Estreou-se em 1914 como caricaturista no jornal O Riso do Vouga, mas em 1925 já só se dedicava à banda desenhada, por exemplo em O Espectro. Colaborou igualmente nos jornais ABC-zinho, Sempre Fixe e Tostão Teatral. Em O Senhor Doutor, para além de exercer as funções de editor, desenhou também as aventuras de «Daki, o saltimbanco».
Da sua carreira como ilustrador, contam-se belos exemplos na Romano Torres. Ilustrou principalmente títulos da primeira série da colecção «Manecas» (cujo director literário, à época, era Henrique Marques Júnior) como O barba-azul e outros contos de fadas (1925), de Charles Perrault, e A princesa rã e outros contos (1932), de Henrique Marques Júnior. Fora da «Manecas», que tenhamos registo, ilustrou apenas o romance O espelho revelador (1925), também este com o dedo de Henrique Marques Júnior, na tradução.
Para além de ter sido ilustrador de livros, foi também capista de álbuns para as editoras discográficas Valentim de Carvalho e Sassetti.
Afonso Reis Cabral
27-03-2014
Bibliografia activa
O barba-azul e outros contos de fadas, 1925, Charles Perrault, trad. Henrique Marques Júnior, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 15500//5 P. (BNP)
O espelho revelador: romance passional, 1925, Oscar Vaudin, versão livre de Henrique Marques Júnior, Lisboa: João Romano Torres & Ca.
Localização: TR. 4956 P. (BNP)
A gata-borralheira e outros contos de fadas, 1925, Hans Christian Andersen, colecção «Manecas», Lisboa: João Romano Torres.
Localização: L. 20395//7 P. (BNP)
Aventuras de D. Quixote contadas às crianças, 1927, Miguel de Cervantes Saavedra, colecção «Manecas» Lisboa: João Romano Torres & Ca.
Localização: L. 26308//12 P. (BNP)
A princesa rã e outros contos, [D.L. 1932], Henrique Marques Júnior, colecção «Manecas», Lisboa: João Romano Torres.
Localização: L. 23902//9 P. (BNP)
O bailado das fadas e outros contos, [D.L. 1932], s.a., trad. Leyguarda Ferreira, colecção «Manecas», Lisboa: João Romano Torres.
Localização: L. 23902//8 P. (BNP)
Bibliografia passiva
Patriarca, Raquel, 2012, O livro infanto-juvenil em Portugal entre 1870 e 1940, uma perspectiva histórica, Porto: FLUP, tese de doutoramento em História (última consulta 27-03-2014).
Sá, Leonardo de, e António Dias de Deus, 1999, Dicionário dos autores de banda desenhada e cartoon em Portugal, Amadora, p. 108.
[1] Vd. verbetes destas autoras.
[2] Cf. Dicionário…, p. 108, vd. bibliogafia.
Ribeiro, António José Ramos, 1888 - 19--
António José Ramos Ribeiro
(1888 – 19–)
Embora saibamos que nasceu em 1888, não dispomos de informação detalhada sobre a sua vida.
Ilustrou diversas obras principalmente a tinta-da-china e aguarela. A Biblioteca Nacional disponibiliza as suas ilustrações de Os três mosqueteiros (Livraria Lourenço de Melo, ca. 1920), que são reconhecíveis pelos conhecedores da Romano Torres como detentoras do mesmo estilo que encontram na História ilustrada da Guerra de 1914 (191-) [1].
A sua colaboração com a Romano Torres foi extensa, conforme provam os vários originais que ainda hoje fazem parte do arquivo histórico (carregue para consultar a página de Ramos Ribeiro no arquivo histórico). No entanto, uma vez que se tratam maioritariamente de desenhos avulsos sem indicação de título, apenas temos a certeza de que ilustrou a obra já referida em parceria com Alfredo de Morais[2], e de que é também de sua autoria As maravilhas do ano 2000, número 32 da colecção «Salgari». Colaborou com a Romano Torres provavelmente durante os anos 20 e 30 do século XX.
Afonso Reis Cabral
14-5-2014
Bibliografia activa
Alcobaça, Bernardo, [191-], História illustrada da guerra de 1914, il. Ramos Ribeiro e Alfredo de Morais, Lisboa: João Romano Torres, 5 vols.
Localização: H.G. 5371-75 A.
As maravilhas do ano dois mil, [1927 / 1933?], Emílio Salgari, versão directa do italiano do Dr. Carlos de Menezes, colecção «Salgari», Lisboa: João Romano Torres & C.ª.
Localização: 194/32 (Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa)
[1] Sobre o tópico da Primeira Guerra Mundial, cf. artigo «A Primeira Guerra Mundial na Romano Torres».
[2] Cf. resenha dedicada a este ilustrador.
Rosa, Jorge, 1930-2001
Jorge Rosa
(Lisboa, 1930 – Lisboa, 2001)
Estamos mais uma vez perante um artista que se formou na Escola Secundária Artística António Arroio. Embora pretendesse prosseguir os estudos na Escola Superior de Belas Artes, aos 20 anos de idade a morte do pai obrigou-o a trabalhar para sustentar os 6 irmãos.
Exerceu ao longo da vida diversos trabalhos ligados à vida empresarial sem nunca ter desempenhado cargos de chefia. No entanto, manteve-se sempre ligado ao mundo das artes como pintor, desenhador, maquetista, figurinista, cenógrafo, e também poeta, actividades que exercia à noite.
Frequentava assiduamente as casas de fado e o teatro de revista, o que cedo o levou a colaborar nesses ramos como maquetista e poeta. Como maquetista, são de sua autoria vários cartazes e catálogos de exposições das revistas do Parque Mayer, onde também colaborou como cenógrafo.
Quanto ao mundo do fado, escreveu poemas que foram cantados por uma vasta gama de fadistas. O blogue Salfino, que disponibiliza uma biografia de Jorge Rosa, elenca uma lista extensa de nomes e refere que estão registados centenas de poemas seus na Sociedade Portuguesa de Autores.
Nunca esqueceu a sua formação de base como artista plástico, mantendo actividade intensa como ilustrador e caricaturista. São da sua pena grande parte dos livros de curso da zona de Lisboa na segunda metade do século XX.
Terá colaborado ocasionalmente com algumas editoras como capista, embora não tenhamos registo dos seus trabalhos, honrosa excepção feita à Romano Torres cujo espólio conta com uma capa sua da obra John, chauffeur russo, de Max du Veuzit, inserida na colecção «Azul» (carregue para consultar a página de Jorge Rosa no arquivo histórico). Uma vez que contou com 16 edições, não conseguimos indicar com certeza qual delas terá saído com a capa de Jorge Rosa, mas deverá tratar-se de uma das três últimas (1968, 1971 ou 1973), devido ao estilo de desenho.
Afonso Reis Cabral
13-5-2014
Bibliografia activa (selecção das três edições mais prováveis)
John chauffeur russo: romance, 1968, Max du Veuzit, trad. A. Duarte de Almeida, colecção «Azul», 14.ª ed., Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 61470 P. (BNP)
John chauffeur russo: romance, 1971, Max du Veuzit ; trad. A. Duarte de Almeida, colecção «Azul», 15.ª ed., Lisboa: Romano Torres, 1971.
Localização: L. 65149 P. (BNP) e 1453/35 (Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa)
John chauffeur russo: romance, 1973, Max du Veuzit ; trad. A. Duarte de Almeida, colecção «Azul», 16.ª ed., Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 68042 P. (BNP)
Bibliografia passiva
«Biografia do artista plástico Jorge Rosa», 2010, João de Oeiras, blogue Salfino (última consulta 13-05-2014).
«Jorge Rosa», 2012, Portal do Fado, nota: reproduz texto de João de Oeiras mas acrescenta uma fotografia do artista (última consulta 13-05-2014).
Santana, Manuel, 1912 - 20--
Manuel Santana
(1912 – 20–)
Embora não tenhamos muita informação sobre este autor, Manuel Santana foi um caricaturista que nasceu em fins do século XIX ou inícios do século XX, distando em geração entre os caricaturistas Américo da Silva Amarelhe (1892-1946) e Jorge Rosa (1930-2001) [1]. Tal como estes, esteve envolvido no teatro de revista produzindo as caricaturas que constavam nos cartazes publicitários.
Terá feito caricaturas para o jornal humorista Sempre Fixe, que começou a ser publicado a partir de 1926.
Tal como Celso Hermínio [2], colaborou na Romano Torres através de Luís de Oliveira Guimarães, que em 1945 não só deu uma conferência que foi ilustrada com caricaturas de Santana (por exemplo a do conselheiro Acácio) como publicou a obra O espírito e a graça de Eça de Queiroz, na capa da qual encontramos também uma caricatura de Eça pela pena de Manuel Santana.
Afonso Reis Cabral
19-5-2014
Bibliografia activa
O espírito e a graça de Eça de Queiroz, 1945, Luís de Oliveira Guimarães, carta-pref. de Fradique Mendes, Lisboa: Romano Torres.
Localização: B.R. 2305, L. 36873 P. e L. 89106 P. (BNP); BB 9513 (Fund. Calous. Gub. Bib. Geral Arte); PV/3267 (Univ. Porto Fac. Letras)
Bibliografia passiva
«Luís de Oliveira Guimarães, o espírito de uma época», Osvaldo Macedo de Sousa, blogue Humorgrafe (última consulta 19-05-2014).
«Cronologia comparada de Stuart Carvalhais e a Caricatura Portuguesa», Osvaldo Macedo de Sousa, blogue Humorgrafe (última consulta 19-05-2014).
«Musicas & Músicos na Galeria de Arte do Teatro Municipal de Vila Real até 31 de Julho», Osvaldo Macedo de Sousa, blogue Humorgrafe (última consulta 19-05-2014).
Severini, D. José Dias Lozano, 1836-1882
D. José Dias Lozano Severini
(1836 – Madrid, 1882)
Conhecido gravador espanhol com trabalho reconhecido, salienta-se em Espanha pela ilustração da obra D. Quixote de la Mancha, título editado igualmente em Portugal com gravuras do mesmo artista.
Chega a Portugal a convite de Rafael Bordalo Pinheiro* para leccionar a disciplina de desenho na Escola de Artes e Ofícios de Lisboa. Sócio de mérito da Real Academia de São Carlos de Lisboa, começa imediatamente a colaborar na revista O Ocidente, em 1878, onde se formou uma escola de gravadores de grande qualidade. Para além de Severini, destacavam-se os nomes de Caetano Alberto, João Pedroso, Lucien Lalemant, Diogo Neto, Nogueira da Silva, Francisco Pastor e Penoso, entre outros.
Entre 1878 e 1881 colabora na revista Artes e Letras, periódico central na importância dada à crítica de arte (Carneiro, 1999, p. 80). A composição arquitectónica que figurava na capa fora desenhada por Rafael Bordalo Pinheiro* e gravada por Severini. Para além de autores de renome, a revista integrava ilustrações de gravadores de madeira e de ilustradores como João Pedroso, Caetano Alberto, João Maria Leotte e Francisco Pastor, entre outros.
Ainda no início da década de 1880, foi colaborador artístico de A imprensa: revista científica, literária e artística, dirigida por Afonso Vargas. Do mesmo período, destaca-se o seu contributo para a revista Ribaltas e Gambiarras, com a introdução de gravuras de figuras da História de Portugal e do Brasil.
Em 1881 regressa a Madrid, vindo a morrer no ano seguinte. O seu prestígio em Portugal garantiu-lhe elogios fúnebres na Academia de Belas Artes.
O seu contributo para a casa Romano Torres coincide com os primeiros tempos da editora enquanto João Romano Torres e C.ª. Aqui destaca-se a sua parceria com H. Fonseca* e J. P. Marinho*, na ilustração da capa e miolo da obra em dois volumes de Perez Escrich, a Mãe dos desamparados, datada de entre os finais do século XIX e o início do século XX.
Maria D’Aires © 2014
Bibliografia Activa Seleccionada
Album Humorístico: capa: [Visual gráfico]. N.3. Ilustração de capa. Macedo, M. e Severini, [19–], 1 xilogravura, Impressão sobre papel, p&b; 17,7, x 13,3 cm. Museu José Malhoa.
[A mãe dos desamparados [Visual gráfico]: miolo], In Escrich, Perez; Fonseca, H. il.; Severini, Enrique, il.; Marinho, P. il. grav. ([188-]), A mãe dos desamparados, Lisboa, João Romano Torres & C.ª. Gravura sobre papel, p&b, 19 x 10 cm. 2º vol., p. 145.
Interrogatório de Galileu perante os inquisidores: [Visual gráfico], [S.l.: s.n., entre 1872 e 1882], 1 xilogravura, p&b; 16.8×11,9 cm (esquadria da imagem, sem letra exterior). Biblioteca Nacional de Portugal.
Retrato de Luis de Camões [Visual gráfico]. Severini, D. José. 1880. 1 xilogravura, impressão sobre papel, p&b; 15×10, 1 cm, Museu Nacional de Arte Contemporânea.
Bibliografia Passiva Seleccionada
Carneiro, Paula Dias, dir. (1999), A Imprensa Ilustrada. In Carneiro, Paula Dias, dir, As Belas-Artes do Romantismo em Portugal, Lisboa, IPM, p. 80.
França, José-Augusto, Revistas de Arte, in Chicó, M. Tavares; Santos, A. Vieira, França, José-Augusto. Dir. (1962), Dicionário da Pintura Universal, Pintura Portuguesa, Lisboa, Editorial Estú
dios, vol. III, p. 348.
Pinheiro, Rafael Bordalo; Bordallo Pinheiro, Manuel Gustavo; Sousa Pinto, Manoel de, Lisboa (1915), Rafael Bordallo Pinheiro: I – o caricaturista, Lisboa, Imprensa Nacional.
Silva, António Tomás da Conceição, 1869-1961
António Tomás da Conceição Silva
(1869-1961)
Pintor português do final do século XIX, estuda em Lisboa e em Paris, onde foi discípulo de Ferreira Chaves e de Jean-Paul Laurens. O seu trabalho académico distingue-se na figura e no retrato.
Em 1891 ganha o Prémio Anunciação. Figurou nas exposições do Grémio Artístico desde 1892 até 1898, onde apresentou a tela “Andrómeda” (2ª medalha de pintura). Em 1937 está presente na 1.ª Exposição Retrospectiva de Arte Portuguesa (1880-1933), em Lisboa como um ilustre da “segunda geração de naturalistas” da pintura portuguesa do século XIX. No seu percurso pictórico, destacam-se os retratos de personalidades portuguesas, como os pintores Ezequiel Pereira, Alberto Jorge e Leopoldo Battistini e o arquitecto Cristino da Silva.
A sua carreira na imprensa ilustrada, desenvolve-se em paralelo com a pintura. Em 1899, foi director artístico da revista Branco e Negro: semanário ilustrado, em parceria com Celso Hermínio*. Trabalhou, tanto individualmente como em parceria com desenhadores e gravadores da sua geração, tais como, Roque Gameiro*, Augusto Pascoal Corrêa Brandão* e Miguel do Espírito Santo Oliveira*. Como é o exemplo ilustração da obra Os caramurús: romance histórico da descoberta e independência do Brazil, publicada pela editora João Romano Torres em 1900, presente no respectivo catálogo e onde colabora com os dois últimos artistas citados. A sua mestria enquanto retratista prestava-se aos conteúdos do subgénero romance histórico.
Maria D’Aires © 2014
Bibliografia Activa Seleccionada
Nossa Senhora da Conceição (padroeira do reino): [Visual gráfico] [S.l.]: Ed. Guimarães Libanio, [ca. 1899]. – 1 reprodução de obra de arte, p&b, 42,8 x 25,2 cm. Brinde oferecido pela ed. aos assinantes da “História do culto de Nossa Senhora em Portugal”. Rep. de desenho Biblioteca Nacional de Portugal.
[Os caramurús: romance histórico da descoberta e independencia do Brazil: capa [visual gráfico] In Ávila, Arthur Lobo de; A. Brandão, A. il.; Oliveira, Miguel, il.; Silva, Conceição, il. (1900), Os caramurús : romance histórico da descoberta e independencia do Brazil, Lisboa, João Romano Torres e C.ª. Impressão sobre papel, p&b, 19 cm.
O desembarque dos portuguezes no Brazil ao ser descoberto por Pedro Alvares Cabral em 500 [Visual gráfico]. Roque Gameiro & Conc. Silva. Lisboa: José Bastos, [ca 1900?] ([Lisboa]: lith. da Comp. Nac. Editora). – 1 reprodução de obra de arte: color.; 28×42 cm (imagem sem letra). Biblioteca Nacional de Portugal.
Retrato de Alberto George: [Visual]. Óleo sobre tela. 1929. Museu Nacional de Arte Contemporânea.
Joaquim Leitão: [Visual]. Óleo sobre tela, 46 x 40,5 cm. Vouzela, 1941. Ass. e data no canto sup. dir.to Colecção de Pintura da Biblioteca Nacional de Portugal.
Bibliografia Passiva Seleccionada
Ataíde, Luís de, (19–). As Secções de Arte e Etnografia do Museu de Ponta Delgada. Lisboa, IPM.
Carneiro, Paula Dias, dir. (1999), A Imprensa Ilustrada. In Carneiro, Paula Dias, dir, As Belas-Artes do Romantismo em Portugal, Lisboa, IPM.
José-Augusto França, Revistas de Arte, in Chicó, M. Tavares; Santos, A. Vieira, França, José-Augusto. Dir. (1962), Dicionário da Pintura Universal, Pintura Portuguesa, Lisboa, Editorial Estúdios, vol. III.
França, José-Augusto (1972), A Arte em Portugal no século XIX: volume II. Lisboa, Bertrand, pp. 91, 246-247 e 314.
Pamplona, Fernando de. (2000). Diccionário de pintores e escultores portugueses, 4º ed. actualizada, Lisboa, Civ. Editora, vol. I, p. 125-126.
Tannock, Michael (1978), Portuguese 20th century artists: a biographical dictionary, Chichester, Phillimore, p. 200.
Silva, Eugénio, 1937-
Eugénio Rafael Pepe da Silva
(Barreiro, 1937)
Eugénio da Silva notabilizou-se como publicista, ilustrador e autor de banda desenhada.
Iniciou a sua vida profissional na Litografia Amorim, depois de ter concluído o curso secundário na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em 1954. Trabalhou na CUF como desenhador de tapetes. Em 1966 começou a sua carreira de publicista.
Começou a trabalhar como ilustrador muito cedo, pouco depois de concluir os estudos na António Arroio. Colaborou com a Romano Torres a partir de 1954 através da Litografia Amorim, ilustrando títulos como O anão de pedra (1956), de Arlete de Oliveira Guimarães, e A gata borralheira (1956), de Leyguarda Ferreira, inseridos na colecção «Manecas».
É importante distinguir entre ilustração do miolo e ilustração da capa. De facto, muitas vezes dá-se o caso de um ilustrador trabalhar o interior do texto, enquanto outro trabalha a capa. No caso dos dois livros citados, Eugénio Silva foi responsável pelo miolo, sendo a capa de autoria de Júlio de Amorim.
Foi porventura como ilustrador da colecção «Manecas» que Eugénio Silva mais se destacou na Romano Torres, embora tenha ilustrado também capas e desenhos interiores da colecção «Salgari», por exemplo a 6.ª edição de A montanha de luz (1981). Fora destas duas colecções, ilustrou apenas a 8.ª edição de A Cabana do Pai Tomás.
A Litografia Amorim, empresa do ilustrador Júlio de Amorim, trabalhou extensivamente para a Romano Torres no campo das artes gráficas, fornecendo não só ilustradores, como gravadores e a própria impressão do livro. Foi aliás através da Litografia Amorim, que tinha contrato com a Romano Torres, que Eugénio Silva ilustrou para esta editora. Já depois de ter saído da Litografia Amorim, continuou a trabalhar para a Romano Torres a título pessoal, embora com menos frequência.
Fez carreira como desenhador de banda desenhada, estreando-se no suplemento Nau Catrineta, do Diário de Notícias, com uma adaptação de Sinuhe, o marinheiro, à qual deu o título de Amoni. Desde aí, tem continuado a desenvolver a sua carreira na banda desenhada, sendo o seu maior sucesso o álbum Eusébio, pantera negra, de 1990.
Trabalhou como ilustrador de guias turísticos sobre Portugal, desenvolvendo também actividade cultural no Barreiro, terra onde nasceu.
Afonso Reis Cabral
26-12-2013
Bibliografia activa (selecção de algumas obras)
O anão de pedra: novela infantil, [D.L. 1956], Arlete de Oliveira Guimarães, il. Eugénio Silva, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: P. 6027 P. (BNP) e 881 2230 (BNP); 87-A 4420 (C.M. Oeiras – Bibl. Municipal de Algés)
A gata borralheira, [D.L. 1956], Leyguarda Ferreira, il. Eugénio Silva, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres
Localização: P. 6027//5 P. (BNP); 87-A 4410 (C.M. Oeiras – Bibl. Municipal Algés)
Pinóquio na Arábia, [1957], José Rosado, il. Eugénio Silva, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: P. 6215 P. (BNP)
Pinóquio entre os cow-boys, [D.L. 1959], José Rosado, il. Eugénio Silva, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: P. 6328 P. (BNP)
A cabana do pai Tomás: romance, 1976, Harriet Becher Stowe, trad. de Leyguarda Ferreira, 8.ª ed., colecção «Obras escolhidas de autores escolhidos», n.º 11, Lisboa: Romano Torres.
Localização: L. 71809 P. (BNP); 820-A 1985 (C.M. Oeiras – Bibl. Municipal de Algés)
A montanha de luz: romance de aventuras, 1981, Emílio Salgari, trad. Bernardo de Alcobaça, il. Eugénio Silva, 6.ª ed., colecção «Salgari», n.º 1, Lisboa: Romano Torres.
Localização: 82-93/SAL-J (BNP)
Bibliografia passiva
«Eugénio Silva», verbete in Infopédia, disponível online em http://www.infopedia.pt/$eugenio-silva (última consulta 26-12-2013).
Soares, José Manuel, 1932-
José Manuel Soares
(São Teotónio, 1932)
Pintor, ilustrador, caricaturista e autor de banda desenhada.
Participou em diversas exposições e ganhou várias medalhas, nomeadamente, entre outros: 3ª Medalha pela Sociedade Nacional de Belas Artes (1953), 2ª Medalha em guache pela Sociedade Nacional de Belas Artes (1956), 1ª Medalha em guache pela Sociedade Nacional das Belas Artes (1957). Está representado em museus portugueses e estrangeiros e citado nos dicionários da especialidade. Fernando de Pamplona classifica-o como pintor que «representa paisagens de jeito romântico algo repetitivo» [1], mas de facto a carreira de José Manuel Soares foi mais diversificada.
Dedicou-se à banda desenhada, sendo de sua autoria álbuns como Luís Vaz de Camões, edição da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, e A ala dos namorados, da Futura.
Colaborou em 1956 com a Romano Torres, ilustrando dois títulos da colecção «Manecas» desse ano, ambos de Leyguarda Ferreira: Os quatro cavaleiros invencíveis e Vasco da Gama e a sua viagem maravilhosa. Em 1968, estes títulos foram incluídos na nova série da colecção «Manecas».
Afonso Reis Cabral
27-12-2013
Bibliografia activa
Os quatro cavaleiros invencíveis, [D.L. 1956], Leyguarda Ferreira, il. José Manuel Soares, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: P. 6058//2 P. (BNP); 87-A 4395 (C.M. Oeiras – Biblioteca Municipal de Algés)
Vasco da Gama e a sua viagem maravilhosa, [D.L. 1956], Leyguarda Ferreira, il. José Manuel Soares, colecção «Manecas», Lisboa: Romano Torres.
Localização: P. 6058//1 P. (BNP)
Os quatro cavaleiros invencíveis, 1968, Leyguarda Ferreira, il José Manuel Soares, colecção «Manecas, Nova Série», Lisboa: Romano Torres.
Localização: em falta
Vasco da Gama e a sua viagem maravilhosa, 1968, Leyguarda Ferreira, il. José Manuel Soares, colecção «Manecas, Nova Série», Lisboa: Romano Torres.
Localização: em falta
Bibliografia passiva
Pamplona, Fernando de, 2000, Dicionário de pintores e escultores portugueses ou que trabalharam em Portugal, vol. V, Lisboa: Civilização Editora, p. 222.
Website do pintor (última consulta 27-12-2013).
Vieira, Pedro Almeida, resenha sobre a obra Vasco da Gama e a sua viagem maravilhosa, no site Bibliohistória (última consulta a 27-12-2013).
Souza, Alberto, 1880-1961
Alberto de Souza
(?, 1880 – ?, 1961)
Aguarelista, notabilizou-se por retratar Estremoz em quatro postais muito apreciados na época (início do século XX), assim como por ter sido o autor das aguarelas do «Ciclo das Frutas de São Tomé», as quais ilustraram vários selos dos anos 50.
Estudou na Escola de Belas Artes de Lisboa e das escolas industriais Rodrigues Sampaio, Príncipe Real e Machado de Castro. Estudou na Litografia de Portugal, onde foi, conjuntamente com Alfredo de Morais, discípulo de Roque Gameiro.
Embora se tenha notabilizado como importante aguarelista da segunda geração (Roque Gameiro pertenceu à primeira), foi também um repórter importante da I República, por ter caricaturado, na senda de Rafael Bordalo Pinheiro, os principais acontecimentos da época.
Colaborou em periódicos como O Mundo, de França Borges, Vanguarda, de Magalhães Lima e foi um dos fundadores de A Capital. Participou no I Salão de Humoristas (1912), promovido pelo Grémio Literário.
Almada Negreiros, aquando do II Salão de Humoristas, apelidou-o de “Dantas da pintura”, por ser representante da velha escola, insistindo em retrarar exaustivamente a ruralidade portuguesa.
Alberto de Souza fez também escola como retratista. De facto, foi um destacado colaborador do Dicionário Lello Universal.
Ilustrou para a Romano Torres pela mão de Roque Gameiro. Em parceria com este e com Alfredo de Morais, ilustrou pelo menos a obra Gomes Freire (ca. 1900), de Rocha Martins. A assinatura é conjunta, o que demonstra grande intimidade de gostos artísticos e de capacidades técnicas. Ter-se-á tratado da única obra da Romano Torres ilustrada por Alfredo de Souza, embora Alfredo de Morais, por seu lado, tenha continuado uma colaboração intensa com Roque Gameiro e a solo.
Não deixe de consultar a página do Facebook dedicada a Alfredo de Souza.
Afonso Reis Cabral
4-6-2014
Bibliografia activa
Gomes Freire: romance histórico original, [1900], il. Roque Gameiro, Alfredo de Morais e Alberto de Souza, Lisboa: João Romano Torres, 2 vols.
Bibliografia passiva
«Lições republicanas», in Almanak Silva (última consulta 4-5-2014).
Alberto de Souza, página do Facebook (última consulta 4-5-2014).
Reis, Luís, recensão da comunicação proferida na Hemeroteca Municipal de Lisboa (última consulta 4-5-2014).