O meu pai e a Romano Torres
O meu pai nasceu em 1930. Havia uma biblioteca proveniente do pai dele, que tinha muitas edições da editora Romano Torres.
O meu avô nasceu em 1890 e, na sua juventude, usufruiu das narrativas de ficção da Romano Torres.
A editora era profundamente popular para os jovens nascidos até aos anos 40, 50 do século XX até porque continha história universal, romance de aventuras e até biografias históricas.
O meu pai chegou a dizer-me que tinha adorado as aventuras de Sandokan de E. Salgari. Também tinha lido Alexandre Dumas, Walter Scott, Dickens, Zola.
O famoso livro A cabana do pai Tomás, ainda passou para mim, apesar de eu ter nascido nos finais dos anos 50.
Do lado do meu pai, sei que ele teria lido a colecção inteira de “Manecas” para o público infantil.
Apesar das diferenças de idades eu li, em muito jovem, Odette de Saint-Maurice.
Mais tarde, nos anos 90, tive oportunidade de lhe fazer uma entrevista onde recordámos a sua extensa bibliografia.
Sem dúvida que a colecção Romano Torres foi mais importante para o meu pai e para o meu avô, do que para mim própria: em muito pequena eu lia a colecção dos 5 e a dos 7, mas, no início da puberdade, quer os romances históricos, quer os romances sentimentais, eu li-os praticamente todos.
Depois, com os 13 e os 14 anos, vieram livros provavelmente mais densos, mas nunca desdenhei daquela panóplia de romances simples que a Romano Torres acabou por dar a três gerações da minha família.
Cecília Barreira / FCSH / UNL