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Gentil Marques, escritor polifacetado

Gentil Marques, escritor polifacetado
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in Saber... não faz mal

in Saber… não faz mal, 1945

Gentil Esteveira Marques (Lisboa, 1918 – Lisboa, 1991)

Nascido em Lisboa, mudou-se para o Algarve muito novo. De cariz precoce, Gentil Marques começou a sua carreira jornalística com apenas treze anos ao fazer parte da direcção do jornal literário O Mocho. Por essa altura colaborou também com diversos periódicos de Lisboa.

Regressou à capital em 1935, onde terminou o ensino secundário. Licenciou-se em Biologia, nunca tendo porém exercido qualquer actividade na área das ciências. Na universidade, foi redactor de O Diabo, Século Ilustrado, Vida Mundial Ilustrada, etc. Ao longo da sua vida, colaborou com inúmeros periódicos, sendo uma presença constante na imprensa nacional, principalmente de Lisboa.

No campo do audiovisual, estreou-se em 1940 com um documentário sobre a Exposição do Mundo Português. A partir de 1951, começou a ser conhecido no mundo da rádio, onde promoveu diversos programas de cariz cultural como «Festa brava» e «Lendas do nosso tempo». Daí passou a notabilizar-se como realizador, entre outros, do filme Nau Catrineta (1955).

No entanto, o seu maior interesse foi desde sempre a literatura, estreando-se com o folhetim Ali, onde tudo era silêncio (1930), numa edição de autor, tendo em conta a sua idade e o facto de a BNP não ter conseguido identificar a editora.

Publicou na Romano Torres o seu primeiro romance Pão nosso (1940), que escreveu a quatro mãos com Leão Penedo, amigo que conheceu provavelmente no Algarve e com o qual colaboraria em muitas obras. Mais tare, este romance foi alvo de uma adaptação cinematográfica.

Enquanto escritor e editor literário, especializou-se em adaptações de enredos de filmes e em romances biográficos. A sua colaboração na Romano Torres reflecte principalmente a faceta biográfica da sua obra com Eça de Queiroz: o romance da sua vida e da sua obra (1946), porventura motivado pelo centenário do nascimento do escritor, um ano antes, e Camilo: o romance da sua vida e da sua obra (1951).

Escreveu com Leão Penedo os romances policiais dedicados à personagem Andy Hardy, Andy Hardy: detective [194-], Andy Hardy: conquistador (1940), O novo amor de Andy Hardy (1940) e Prosápias de Andy Hardy (1951).

Colaborou também com a Romano Torres como tradutor e editor literário. Quo vadis? (1947), de Henryck Sienkiewicz, foi a sua tradução mais reeditada, mas traduziu igualmente com sucesso O homem e o espectro (1955), de Charles Dickens, onde incluiu também um ensaio sobre o autor.

Dirigiu as colecções «Grandes mistérios, grandes aventuras» e «Obras escolhidas de autores escolhidos» que constituíram uma das vertentes mais destacadas da editora.

Curiosamente, Gentil Marques casou-se com a escritora Mariália, que também publicou algumas obras, como Refugiados (1944) e O livro das raparigas (1947), na Romano Torres.

Dedicou-se intensamente à promoção do turismo em Portugal, tendo sido fundador e proprietário do Jornal de Turismo e comissário geral da Propaganda Turística em Portugal.

Afonso Reis Cabral
23-11-2013

 

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